O caso foi o seguinte, nesta época não havia muito esta coisa de esperar o artista no aeroporto, se fazia contato de outras maneiras e até educada em relação a hoje. Meu chefe o Ely, me chamou em sua sala e me falou que a Bethânia estaria chegando a Porto Alegre para um fim de semana de shows no Teatro Leopoldina, o atual (ex) Teatro da OSPA.
Me passou seu cartão de visitas, me falou um monte de coisas para eu falar no hotel, mais em momento algum, me falou para eu procurar um produtor da Bethania e sim ela. Contou-me que tinha encomendado um lindo boque de flores, escreveu um cartão em nome do pessoal do escritório, inclusive o meu. E veio a ordem, Miguel aqui está meu cartão, mais este cartão em nosso nome, a floricultura é a tal... Passa lá pega as flores e entrega para ela hoje a tarde, ali no Hotel Plaza (Plazinha).
Nossa fiquei radiante, iria conhecer o primeiro artista como divulgador, imaginava que iríamos conversar trocar idéias, falar da cidade etc... Passei na floricultura, lá pelo meio da tarde, e me mandei rumo ao hotel, chegando lá quem disse que fui à recepção, que nada peguei o elevador, não perguntei por ninguém, nem por produtor, ou artista fui subindo no andar que o Ely tinha me falado, saltitando rumo ao quarto.
Pessoal, toquei a campanhinha, uma, duas, três vezes daqui a pouco escutei um espera aí, meio daquele modo, um grito. A mulher abriu a porta e me olhou de cima a baixo, eu cabeludo 18 anos e aquela cara preparada. E soltei o discurso, Bethania eu sou o Miguel divulgador da Polygram em Porto Alegre, estou te trazendo estas flores em nome da equipe de trabalho, se precisar de nossos serviços o nosso telefone está aqui no cartão.
Gente, a mulher deu um grito comigo, EU ESTAVA DORMINDO E VOCÊ ME ACORDOU! Olhou para as flores que já estavam em suas mãos, e atirou em minha cara, e eu todo assustado não deixei cair, logo depois batendo a porta na minha cara, coloquei as flores encostadas na porta e fui embora. Mal eu sabia que teria que procurar a produção. (primeira cagada da carreira)
Chegando no escritório, contei o acontecido para o Ely, que também ficou assustado e me perguntou se eu não tinha procurado a Tia Ana, que era a secretária da Bethânia, eu disse que não, pois ele tinha dito para eu procurar a artista e não a secretária. Depois ele me falou que ligou pra a tal Tia Ana, pedindo desculpa pelo acontecido, e ficou tudo bem.
Nunca mais falei com a Bethânia e ela nos anos 70, sempre vinha a Porto Alegre lotar os teatros, mais aí eu só falava com a Tia Ana.
Moral da história!
Se fosse por Maria Bethânia, eu teria abandonado a profissão no primeiro contado com um artista, mais eu não desisti, e sempre fico meio de pé a traz quando tenho que trabalhar com artista mulher.
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