E eu em minha pré adolescência ficava maravilhado com o Programa do Cascalho, que anos depois foi minha entrada para o mundo das festas de rádio, o Pediu, Rodou, Ganhou, o programa do Julio Fürst, que tinha um personagem chamado Julio's Brown, que só tocava black music, a Participarada... tenham certeza, essa rádio seria na época como é a Jovem Pam hoje em dia, mais lembrem-se havia uma ditadura, não se podia falar no rádio tudo que se queria e esta rádio falava nas entre linhas. Que rádio ducaralho!
Os Discocuecas com: Gilberto Travi, Julio Fürst, Beto Roncaferro e João Antônio
Os 10 anos de história da Rádio Continental foram tão intensos que até hoje, 30 anos depois de ter saído do ar, em 1980, a Superquente ainda provoca uma reação positiva nos que dela se recordam.
Foi a primeira emissora gaúcha dirigida à juventude e que não se calou frente à ditadura implantada em 1964. A Continental foi das poucas rádios brasileiras, talvez a única, a deixar claro que não se conformava com o regime militar. E não foram episódios isolados, fortuitos. Toda a sua existência foi de deliberada oposição ao arbítrio. Até por isto, foi diversas vezes punida e ameaçada. Também foi a Continental a primeira a impulsionar o movimento musical dos jovens gaúchos.
Cascalho em um Baile dos Magrinhos
Tudo isso sob o comando de Fernando Wesphalen, o Judeu, líder de uma resistência radiofônica que teve em Marcus Aurélio Wesendonk, na direção de programação; e Luiz Eduardo Moreira, no departamento comercial, seus principais aliados. Além , é claro de dezenas de colaboradores, entre eles os redatores e os locutores do noticiário 1120 É Notícia, irônico e debochado. Textos que chamavam a atenção, ainda que com os subterfúgios necessários, para aspectos não tratados pelos demais veículos de comunicação.
Num tempo em que Porto Alegre tinha apenas três canais de televisão – Piratini, Gaúcha e Difusora -, e o rádio FM ainda não existia, a Continental foi a primeira a mídia gaúcha a tocar música pop, rock, músicos brasileiros de qualidade, como os mineiros do Clube da Esquina e o Pessoal do Ceará. Judeu dizia: “Se querem rock, vão ter. Mas vão ter que ouvir Chico Buarque, Milton Nascimento e muitos outros compositores brasileiros que as demais rádios ignoravam.” E se a censura proibia, como proibiu, a música Apesar de Você, com Chico Buarque, não havia problema. A Continental tocava a mesma música, só que na voz de Beth Carvalho.
E mais do que tocar música brasileira de qualidade, a 1120, com iniciativa e recursos próprios, promoveu uma geração de músicos gaúchos. Hermes Aquino, Os Almôndegas, Utopia, Inconsciente Coletivo, Gilberto Travi, Nélson Coelho de Castro, Fernando Ribeiro, Mantra, Simbiose, Bizarrro, Hallai-Hallai, Cláudio Vera Cruz, Toneco, Grupo Ensaio, Status 4, Élbia e tantos outros. Anele
Tudo isto em uma emissora do Sistema Globo de Rádio, de Roberto Marinho.
Em novembro de 2007, após sete anos de pesquisa, foi lançado o livro Continental – A rádio rebelde de Roberto Marinho, de Lucio Haeser. Lançada pela Editora Insular, a obra procurou trazer o máximo que pôde sobre a história da 1120. Inclusive com um CD contendo músicas do movimento musical que ela ajudou a trazer à tona.
Ao mesmo tempo, o site www.continental1120.com.br surgiu para divulgar o livro e trazer informações adicionais ao que foi publicado. Na página eletrônica, foi lançada também uma webrádio –a Rádio Sem Fronteiras - destinada a rodar algumas gravações originais da Continental, entremeadas a muita música, muitas delas do repertório da 1120.
Agora, Marcus Aurélio Wesendonk, vem se juntar à empreitada. Animado com as possibilidades das rádios online, assume o comando da rádio online Continental 1120.
Parabéns a todos que fizeram esta rádio... até hoje sou amigo de muitos deles:
Beto Roncaferro, Julio Fürst, JB Shüeler, Heitor (Torpedo) Moraes, Zé Luiz, Carlos Couto, Marcos Aurélio, João Antônio, Antônio Carlos Niderauer, Roger dos Reis, Clovis Dias Costa... e tantos outros que não me vem a memória.
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